sábado, 30 de maio de 2009
Awaiting the daytime
Eu só queria que já fosse amanhã. Quando eu abro a janela, abre-se uma nova porta. E, então, eu vejo que nem é tão ruim assim, que ainda tem aquilo que eu já tinha me esquecido. Lá, bem longe, ou bem aqui na altura dos meus joelhos, tem o sorriso grande que vem me dizer que tudo vai dar certo. Porque tudo vai, seja para onde for.
Eu só queria que já fosse amanhã porque hoje dói. Já sei, vou pensar em alguma coisa boa. São tantas, é só tirar essa nuvem negra da frente que elas surgem coloridas, cantando aquela música que eu achei que nunca mais fosse lembrar.
Eu só queria que já fosse amanhã porque o presente vai ser passado e o passado só vai servir para ser esquecido. O meu coração que agora está torcido, amanhã só vai ser amanhecido e toda essa angústia que estou sentindo vai ter ido embora junto com o pãozinho que sobrou. Vou passar um lápis preto, um batom bem vermelho. Meu primeiro bom dia vai trazer de volta toda a paixão que o último boa noite levou.
Eu só queria que fosse amanhã porque o amanhã sempre vêm com os acontecimentos reversos, os acontecimentos não-tristes, os acontecimentos nunca-mais. Por isso, vou desligar o abajur, puxar o lençol de margaridas e dormir. E, quando o amanhã chegar, vou varrer todo esse pó e jogar na caixinha dos apertos guardados. Eu sei (a vida já me ensinou) que, a cada vez que levanto a persiana, uma nova vida acorda na minha janela.
sexta-feira, 22 de maio de 2009
Tentativa frustrada
Não vou permitir ser ridícula, nem uma lágrima sequer, nem um segundo de olhar perdido no horizonte, nem uma nota triste no meu ouvido. Eu sei o quanto vai ser cansativo correr da dor, o quanto vai ser falso ignorar ela sentada no meu peito. Mas vou correr até minha última esquina. Vou burlar cada desesperada súplica do meu coração para que eu pare e sofra um pouquinho, um pouquinho que seja para passar.
Suor frio da corrida, sempre com sorriso duro no rosto e o medo de não ser nada daquilo que você me fez sentir que eu era.
E por que vendo tanto meu corpo e tão pouco minha alma? Porque quero ver você comprando o que realmente quer e não enganando querer para levar a promoção.
Cansei das promessas de compra e das devoluções gastas do meu corpo. Cansei de expor minha alma se no fim tudo acaba mesmo. Então tá aqui ó: peitinhos, coxas, barriga e o buraco que você tanto quer.
Leve de uma vez e me engane por alguns dias. Você é igual a todos os outros e todos os outros são: LIXO. O amor não existe, e, se existe, não dura pra sempre. E, se não dura pra sempre, não é amor. E nada dura pra sempre, logo então, o amor não existe.
Estou amarga com simplicidade, e isso é relaxante já que vivo cheia de complicações. A amargura é muito mais simples que a esperança. Estou triste do tamanho do buraco sem vida que você deixou em mim, uma concavidade sonhadora que ainda pulsa um desejo que ao mesmo tempo enoja.
Mas para não sentir dor eu vou jurar ao último ouvido do meu universo o quanto você é descartável. O quanto sua molecagem não permitiu nenhuma admiração de minha parte.
Para não sofrer não vou permitir minha cabeça no travesseiro antes do cansaço profundo e sem cérebro. Não vou permitir silêncios porque é aí que o meu fundo transborda e a tristeza pode me tomar sem saída. Eu vou continuar deixando a minha cabeça me martelar porque toda essa confusão é ainda menos assustadora do que a calmaria da verdade.
A verdade é a frieza do mundo, é a podridão dos desejos, são as mentiras que a gente inventa para os outros e acaba acreditando. A verdade é que mais cedo ou mais tarde você será traído, porque todo mundo tem medo de viver a entrega. A verdade é que ninguém se entrega porque ninguém se tem. A verdade é que não estamos aqui, estamos em algum lugar seguro vivendo nossas vidas medíocres. A verdade é que todo esse perfume é vergonha de nossa essência, todas essas marcas são vergonha do nosso corpo, todo esse charme despretensioso é vergonha de nossas fraquezas. A verdade é que nada é inteiro porque até o inteiro para ser todo precisa ter seu lado vazio. A verdade é que não dá para fugir da dor, e eu continuo correndo, correndo, correndo e não saindo do mesmo lugar.
Desamor ao egotismo.
Pra onde foi a minha inspiração? Cadê? Uma preguiça de acordar. Uma preguiça de tomar banho, escolher uma roupa, escolher entre bolo de chocolate e suco de laranja. Tudo parece ter o mesmo gosto falso de paliativos. De forte somente a preguiça de contar de tantas preguiças.
Da cartilha do sucesso, que manda estudar, amar o que se faz e se relacionar bem, apenas amei. Nem isso faço mais. Sou uma péssima aluna.
Tenho a impressão de ter chegado ao topo de uma montanha, mas ela era muito alta e afastada e ninguém me viu.
Em vez de sucesso sinto segundos desejáveis de suicídio, vontade de pular lá de cima da montanha com o dedo desejando um último foda-se ao mundo. Nem que seja para fazer barulho e sujar o chão dos equilibrados. Nem que seja para fazer falta.
Cadê o gosto intenso de fugir do mundo com um segredo fatal? Não existem segredos fatais: todo mundo come todo mundo por caça e infelicidade. Somos animais tristes e não seres loucos e apaixonados. Eu me enganei tanto com o ser humano que ando com preguiça de me entregar.
Ninguém tem coragem pra mudar nada, ou apenas é inteligente para saber que a rotina chega de um jeito ou de outro, não adianta se mover.
Pra quem faço falta e aonde me encaixo? Aonde sou útil e pra quem sou essencial? Pra onde vou e aonde descanso? Pra quem e por quem vivo?
Da cartilha do sucesso, que manda estudar, amar o que se faz e se relacionar bem, apenas amei. Nem isso faço mais. Sou uma péssima aluna.
Tenho a impressão de ter chegado ao topo de uma montanha, mas ela era muito alta e afastada e ninguém me viu.
Em vez de sucesso sinto segundos desejáveis de suicídio, vontade de pular lá de cima da montanha com o dedo desejando um último foda-se ao mundo. Nem que seja para fazer barulho e sujar o chão dos equilibrados. Nem que seja para fazer falta.
Cadê o gosto intenso de fugir do mundo com um segredo fatal? Não existem segredos fatais: todo mundo come todo mundo por caça e infelicidade. Somos animais tristes e não seres loucos e apaixonados. Eu me enganei tanto com o ser humano que ando com preguiça de me entregar.
Ninguém tem coragem pra mudar nada, ou apenas é inteligente para saber que a rotina chega de um jeito ou de outro, não adianta se mover.
Pra quem faço falta e aonde me encaixo? Aonde sou útil e pra quem sou essencial? Pra onde vou e aonde descanso? Pra quem e por quem vivo?
quinta-feira, 21 de maio de 2009
Você já conseguiu alimentar um amor apenas com as mãos?
fechou seus olhos e confiou, apenas confiou ? Já jogou um punhado de brilho no ar ? Você já olhou assustado e disse, eu nao me importo?
É apenas a metade do ponto em que não tem mais como voltar
A ponta do iceberg, o sol antes do calor, o trovão antes do clarão, a respiração antes da frase, você já se sentiu assim ?
Você já odiou você mesmo por ficar no telefone? Sua vida inteira esperando por um anel para provar que não está sozinho, já foi tocado tão gentilmente que teve que chorar? Já convidou um estranho para entrar ?
Lá está você, sentado no jardim, me servindo café e me chamando de doce, você me chamou de doce
Já desejou uma noite sem fim? Laçou a lua e as estrelas e prendeu bem forte? Já ficou sem fôlego e perguntou a si mesmo: Poderá algum dia ser melhor que esta noite?
quarta-feira, 20 de maio de 2009
auto-benévolo
Suspensão do Sentido!
Hoje é o dia que eu quase posso tocar o silêncio,a casa vazia.
Só as coisas que você não quis, me fazem companhia,eu fico à vontade com a sua ausência, eu já me acostumei a esquecer.
Tudo que vai deixa o gosto, deixa as fotos.
Quanto tempo faz.
Deixa os dedos, deixa a memória, eu nem me lembro.
Salas e quartos somem sem deixar vestígio,seu rosto em pedaços misturado com o que não sobrou do que eu sentia, eu lembro dos filmes que eu nunca vi, passando sem parar em algum lugar.
Tudo que vai deixa o gosto, deixa as fotos.
Quanto tempo faz.
Deixa os dedos, deixa a memória eu nem me lembro mais
Fica o gosto, ficam as fotos.
Quanto tempo faz...
Ficam os dedos, fica a memória
Eu nem me lembro mais...
Quanto tempo, eu já nem sei mais o que é meu nem quando, nem onde.
domingo, 17 de maio de 2009
É sempre na falta que vivo
Eu funciono assim, não sei se você já percebeu. Consigo não te amar, e isso significa passar ótimos dias em paz, quando te trato bem, quando te amo. O que sobra em mim, o que eu guardo no peito, é sempre o negativo do que expeli para o mundo. Por isso o e-mail, carinhoso, um jeito de te expulsar mais uma vez, porque é só isso que sei fazer quando o assunto é sentir além de mim. E quando te trato mal, são dias te amando aqui, nos espaços vazios que você jamais preencheria e que são absolutamente você. O mundo todo que não tem você é ainda mais você. E assim me relaciono. Com o risco de giz branco em torno do corpo que já foi levado do chão. Sempre me apaixono depois que acaba a paixão. Sempre namoro quando acaba o namoro. Só assim sei amar. E então te carrego no peito e em tudo, ao ir sozinha ou mal acompanhada ao cinema. E então janto com você e como bem e até bebo. E passamos sem perceber uma vida inteira. Só porque agora você se foi, é que sinto que você chegou de verdade. E assim namoramos tão bem e sou tão agradável. E é com você que vou até a esquina e o fim do mundo, porque posso tudo agora. Agora que não posso nada.
Daqui vejo milhares de pessoas e boas intenções e motivos pra ser feliz. Mas onde eu estou? Adivinhe? Estou em casa, sozinha, como se não houvesse nada. Como se tudo isso fosse cruel justamente por ser bom. O bom acaba. Mas isso aqui, o refúgio da ansiedade e da alegria, essas duas coisas do demônio, isso aqui é verdadeiro e é daqui que estou, na verdade, no meio de todas essas pessoas boas e os motivos pra ser feliz. É só daqui. Então, quero ir embora. Ir embora pra chegar logo. Porque enquanto estou é insuportável, mas depois, quieta, deitada, o mundo inteiro se encaixa aos poucos até eu pegar no sono e sentir a matéria de estar viva. Não evaporo mais pois estou me apertando até ficar quieta nessa caixinha minúscula que trago tão bem guardada apesar do desespero em ser aberta.
É sempre na falta que vivo. É sempre em cima da altura que não tenho que olho o mundo. E das coisas que eu não sei que falo melhor. E dos sentimentos que eu não poderia sentir que me abasteço pra ser alguma coisa além do que me faz mais uma. E da incapacidade de ser mais uma que me agarro, pra poder participar de algo e esquecer como é maluco tudo isso. É na alegria extremada que sinto o tamanho do sofrimento que posso aturar.
É a loucura que sai antes quando preciso rapidamente ser normal. É porrada que dou quando a mão vai rápida para um carinho urgente. É de onde não se pode estar que tenho saudades. É para o lugar do qual fugi que vou quando corro. É no lugar insuportável que fico quando descanso de algo que não aguentei. É na falta que vivo. O tempo todo sendo a mulher pra você que nem você quer. O tempo todo sendo a mulher que você não vê mais e só por isso, agora, te vejo o tempo todo. É te amando tão infinitamente que me liberto de gostar pelo menos um pouco de você.
Quando preciso de açúcar sinto ânsia só de ver doce. E na hora de ir embora, ganho o viço e a frescura de algo novo. Não lido bem com a fome, pois ela me sacia, me enche, de algo que me faz além do bicho. É do meu auge que caio feio. Na paz de fechar um arquivo que volto a pensar na página em branco e em tudo que não sou capaz. No fundo do gostosinho da alma mora o que dispara meu incômodo mais terrível. Quando tento ser homem, meu Deus, sou mais garota do que aquelas colegiais cheirando a floral com bola de basquete.
Você reclamava que eu não dizia seu nome e isso era só porque eu o estava dizendo o tempo todo. Meu cérebro martelava o som das suas referências e imprimia tanto você que eu precisava falar de mim daquele jeito pra tentar existir além do que eu me tornava. Você era tudo quando reclamava que eu andava estranha ao telefone, sem dar importância. Quando eu não parecia te ouvir, eu estava ouvindo suas milhares de vozes e tentando dar conta de gostar de tanta gente diferente que era gostar de você. Mas agora, assim, dizendo João, eu consigo continuar. Mas não uso a palavra anular porque seria dar rabisco aberto para as asas que não quero desenhar.
O tempo todo o abismo gigantesco quanto mais desço. O tempo todo a calma mais incrível nos momentos de real desespero. E o pânico do que é simples de resolver. E se não tem ninguém pra chegar é aí que verdadeiramente espero. E se não tem ninguém pra me tocar, sinto tesão em encostar no ar. Você não está e me olha como nunca. Você merecia ser amado assim, do jeito que acaba pra começar. Uma covardia só pra quem aguenta firme. Sempre no oco me preencho tanto que explodo. É no nada que está tudo aqui. E quando me perguntam de onde vem essa pressa, esse desespero, essa corrida, o sopro no coração, essa ânsia, a força, essa agressividade. De onde vem? Eu digo que vem de uma preguiça enorme. E tantas artimanhas e rezas bravas para permanecer? É só o mais completo desejo em acabar logo com tudo isso. Que tanto eu quero porque estou sempre pedindo socorro? Nada. E principalmente: nunca. E morrer de novo como faço todas as vezes que me sinto viva demais. E vai começar tudo de novo só porque acabou. Ponto final é tanta continuação que vira três pontos finais. Eu não aguento mais e nem toquei na vida ainda. Consigo ser vista de verdade só quando as pernas e todo o resto que me move imploram para eu desaparecer.
quarta-feira, 6 de maio de 2009
coraçao que já se foi
E sabe, às vezes eu só queria congelar meu coração, fazer ele não sentir mais nada por ninguém, ou só sentir até ter a certeza de todo o amor que ele tem guardado pudesse ser correspondido de verdade, da forma como ele tem esperado a tanto tempo. Tudo bem, talvez eu esteja dramatizando demais. Talvez as pessoas tenham razão. Talvez seja melhor sofrer, mas sentir de alguma forma, porque não sentir deve ser bem pior. Mas eu não quero passar pela mesma situação outra vez e isso eu já deveria ter aprendido, afinal os erros servem única e exclusivamente para essa finalidade. Eu só sei que não devo esperar demais das pessoas. Só devemos cobrar aquilo o que cada um tem a capacidade de proporcionar. Sendo assim o erro é meu novamente e aí eu chego a real conclusão de que o melhor a se fazer é não esperar nada e ponto. Sem expectativas ou qualquer tipo de pressão as coisas fluem melhor e isso não é mais uma das coisas da minha cabeça porque de certa forma faz algum sentido. E eu tento, juro que tento, mas no fim eu acabo sempre fazendo besteira e quebrando a cabeça. Mas porque não deixar tudo rolar naturalmente, sem tantas esperanças? A teimosia sempre tem de ser maior e quando menos se espera, estou eu tentando levantar de mais um dos tombos da minha coleção. Eu só não quero ficar me iludindo, precipitando sentimentos que deveriam acontecer naturalmente e acabam só trazendo dores de cabeça e noites mal dormidas. Chegou a hora de perceber que o mundo não gira ao meu redor. Nem o mundo, nem as pessoas. Chegou a hora de parar de confundir tanto as coisas. Talvez se eu mudar, as coisas mudem também. Talvez o mundo não seja tão injusto assim, talvez eu só deva aprender melhor as lições que a vida tenta me ensinar.
segunda-feira, 4 de maio de 2009
A vida não pára...
Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma, até quando o corpo pede um pouco mais de alma a vida não para. Enquanto o tempo acelera e pede pressa eu me recuso faço hora vou na valsa a vida é tão rara.
Enquanto todo mundo espera a cura do mal e a loucura finge que isso tudo é normal eu finjo ter paciência. O mundo vai girando cada vez mais veloz a gente espera do mundo e o mundo espera de nós um pouco mais de paciência.
Será que é tempo que lhe falta prá perceber? Será que temos esse tempo prá perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara, tão rara...
gritos internos
Eu estou me destacando na noite, tentando esconder a dor, estou indo para o lugar onde o amor e o bem-estar não custam nada, e a dor que você sente é um tipo diferente de dor.Eu estou indo para casa, de volta para o meu lugar onde seu amor sempre foi o suficiente para mim, eu não estou fugindo, não, eu acho que você me entendeu mal, eu não me arrependo dessa vida que escolhi para mim, mas esses lugares e esses rostos estão ficando velhos, as milhas estão ficando mais longas, quanto mais perto eu fico de você.Eu nunca fui a melhor para você, mas seu amor continua verdadeiro, e eu não sei por quê, você parece que sempre me dá outra chance.Então tenha cuidado com o que você deseja , porque você pode conseguir tudo, você pode conseguir tudo...e algo que você talvez não queira..
Gears
Perdão pela falta de jeito. Mas às vezes perco o jeito com as coisas. O mundo me parece vazio e eu decididamente não gosto de vazios. O tempo nos atropela, a vida nos leva sem cerimônia, o trabalho nos cansa e a gente se pergunta sem questionar: porquê? E a resposta não chega. O motoboy não chega. O amor da sua vida não chega. A gente não se basta. A felicidade não bate na porta, não existe delivery para a sorte. E passamos a vida tentando, querendo, sonhando, esperando, num gerúndio sem fim, sem charme e sem nenhuma certeza no final. Ah, pára tudo! Se é pra viver, vamos viver direito. Com conteúdo. Troque o verbo, mude a frase, inverta a culpa. O sujeito da oração é você. A história é sua, mãos a obra! Melhore aquele capítulo, jogue fora o que não cabe mais, embole a tristeza , o medo, aceite seus erros, reescreva-se. Republique-se. Reinvente-se. E transforme-se na melhor edição feita de você.
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