sábado, 30 de maio de 2009

Awaiting the daytime


Eu só queria que já fosse amanhã. Quando eu abro a janela, abre-se uma nova porta. E, então, eu vejo que nem é tão ruim assim, que ainda tem aquilo que eu já tinha me esquecido. Lá, bem longe, ou bem aqui na altura dos meus joelhos, tem o sorriso grande que vem me dizer que tudo vai dar certo. Porque tudo vai, seja para onde for.
Eu só queria que já fosse amanhã porque hoje dói. Já sei, vou pensar em alguma coisa boa. São tantas, é só tirar essa nuvem negra da frente que elas surgem coloridas, cantando aquela música que eu achei que nunca mais fosse lembrar.
Eu só queria que já fosse amanhã porque o presente vai ser passado e o passado só vai servir para ser esquecido. O meu coração que agora está torcido, amanhã só vai ser amanhecido e toda essa angústia que estou sentindo vai ter ido embora junto com o pãozinho que sobrou. Vou passar um lápis preto, um batom bem vermelho. Meu primeiro bom dia vai trazer de volta toda a paixão que o último boa noite levou.
Eu só queria que fosse amanhã porque o amanhã sempre vêm com os acontecimentos reversos, os acontecimentos não-tristes, os acontecimentos nunca-mais. Por isso, vou desligar o abajur, puxar o lençol de margaridas e dormir. E, quando o amanhã chegar, vou varrer todo esse pó e jogar na caixinha dos apertos guardados. Eu sei (a vida já me ensinou) que, a cada vez que levanto a persiana, uma nova vida acorda na minha janela.

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